domingo, 8 de abril de 2012

Desabafo II

Morta já está, mas como sossegar a ferida, como exonerar a angústia?
Como calar o amor, que sem avisar nos penetra, nos rouba
pensamento, paz e consciência.

De repente já não mais estamos presentes.

Que quer que faça eu
Se já não tenho juntos presente e passado?
Se a decepção e o arrependimento me corroem a cada hora
Como deveriam fazê-lo em séculos?

Por favor, venha a mim
E me liberte do que não mais me pertence
Daquilo que o controle já não mais passa por minhas mãos
Aquilo que já não mais me regojiza nem se quer me destrói.
Já não mais.
Apenas me corrói
Preenchendo meu ser com sua essência
E seu sofrimento se tornando parte
De mim.

Desabafo I

Oh, mar! Que como eu vai e vem
Sem destino e sem sentido.
Como querer que outros entendam os caminhos
Formados por baixo de nós?

Caminhos que não construímos, que não eligimos,
Que simplesmente nem vimos.

Mas estão aqui, sob nossos corpos
Sob nossa pele serena
Cobertura amena de um redemoinho de emoções
Intensas e desprendidas de qualquer motivo ou razão.

Emoções que não se pode expressar, e que o inverno e a vida hão de apagar
Pois como mais poderia o mar
Seguir deu caminho sem vacilar
Se a alma destruída não cala
não para
não alma
não salva
não arde
não morre.